segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Projeto estuda a trajetória da mulher no rádio

Lucas Raposo e João Pedro Marins

Pensando em mostrar ao público a caminhada da mulher brasileira no rádio, principalmente no Rio de Janeiro, a ex-aluna da UFF Manoela Mayrink fez em sua monografia um dedicado e minucioso estudo sobre todas as dificuldades e realizações do sexo feminino em um ambiente, antes, dominado por homens. O trabalho “As donas do dial: a trajetória da mulher no rádio do Rio de Janeiro” se caracteriza em grande parte por entrevistas com mulheres renomadas do rádio. 


Segundo Manoela, o projeto nasceu na metade do curso de Jornalismo e muito se deve a sua paixão pelo rádio. “Pensava em fazer algo sobre o tema lá pelo quarto ou quinto período. Talvez o fato de ser mulher e amar trabalhar em rádio tenha colaborado para a ideia”, afirmou a ex-aluna, que hoje atua na rádio MPB FM.

Manoela buscou mostrar a evolução da presença da mulher no meio. Sob a ótica de diversas funções, desde a operação até os cargos de chefia, o foco do projeto era a rádio carioca devido à logística e ao grande número de emissoras importantes na cidade.

No capítulo inicial, o assunto abordado é o crescimento do número de mulheres no mercado de trabalho como um todo, incluindo o rádio. Ocupando seu espaço ao longo dos anos, o sexo “frágil” já é maioria em algumas áreas nas rádios, de acordo com a jornalista: “É cada vez maior o número de mulheres, e em algumas áreas me arrisco a dizer que são maioria, como reportagem e produção. No geral, elas ainda estão em menor número, como por exemplo, nas áreas técnicas (como operador de áudio). Também é visível no rádio a baixa quantidade de mulheres na área de esporte”, disse. É raro encontrá-las em mesas de debate e, principalmente, na narração de eventos esportivos, sendo essa a principal barreira a ser quebrada, de acordo com Manoela.

Como resultado dessa crescente presença feminina, hoje não há mais espaço para preconceito. Tanto homens quanto mulheres, segundo ela, são tratados de forma igual, sem diferenciação salarial ou qualquer outro fator de comparação.

No Jornalismo, duas importantes profissionais que ocupam cargos de chefia foram entrevistadas para a pesquisa: Mariza Tavares e Ana Maria Machado. Entre os seus relatos, Mariza destacou que nunca encontrou dificuldades por ser mulher e chefe. Já Ana Maria Machado sofreu muita resistência no começo, porém mais pela idade do que preconceito por gênero.

A monografia mostra que, hoje em dia, a mulher precisa estar ligada e atualizada sobre os aparatos e manuseios do rádio. Elas precisam ter, assim como os homens, controle sobre aquilo que se propõem a fazer, como, por exemplo, saber o básico de edição. Locutoras, por sua vez, precisam saber operar a mesa de rádio para conseguir entrar no ar. As barreiras foram quebradas ao longo dos anos. Hoje, não importa ser homem ou mulher, tem que ter qualidade e vontade no que deve ser feito.

Manoela está satisfeita com a sua monografia. Para ela, os frutos ainda serão colhidos pelas futuras gerações. Ela, que se inspirou no projeto de Mylena Ciribelli de 1989, espera que seu trabalho sirva de inspiração para outros que ainda estão por vir: “Escrevi a monografia para que as futuras gerações pudessem conhecer um pouco mais da história do rádio e da presença das mulheres neste meio, antes apenas cantoras, hoje peças cada vez mais importantes da engrenagem. Acima de uma pesquisa com objetivos e hipóteses, ela é um registro histórico.”

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